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NOTÍCIAS E EVENTOS

Em tempos de pandemia o que seria do Brasil sem o SUS?

07/05/20

Em tempos de pandemia o que seria do Brasil sem o SUS?
Responsável pelo atendimento de mais de 75% dos brasileiros, o SUS, mesmo diante de cortes de investimentos, lidera combate ao coronavírus no Brasil. Profissionais da Santa Casa (PA) comemoram recuperação de bebê nascido no último dia 18. Para milhões de brasileiros, SUS é único meio de atendimento. Sob o teto de gastos, em duas décadas, perderá R$ 400 bi Muitos brasileiros torcem o nariz quando têm de ir a um posto de saúde ou a um hospital público. E morrem de preocupação de “perder o plano”. O que a maioria não sabe, mas agora pode estar se dando conta, é que se dependesse dos planos de saúde muitos morreriam sem assistência durante a pandemia do novo coronavírus no Brasil. O Sistema Único de Saúde, o SUS, é responsável pelo atendimento de mais de 70% dos brasileiros. Em março deste ano, somente um em cada quatro dos atendimentos médicos no país ocorreram por meio de planos privados, segundo a Agência Nacional de Saúde (ANS). Pouco mais de 75% da população brasileira contou exclusivamente com o SUS nesse período. E mais: toda a vigilância à saúde e medidas de contenção do coronavírus no Brasil são feitas pelo sistema público. Apesar disso, o SUS padece de falta de recursos. Desde a Emenda Constitucional 95, do Teto dos Gastos – que entrou em vigor em 2017 e congelou por 20 anos investimentos em áreas como saúde e educação – o SUS já perdeu mais de R$ 20 bilhões do orçamento federal. Em 20 anos estima-se que desinvestimento pode chegar à casa dos R$ 400 bilhões. Ainda assim, é esse sistema público, universal e gratuito – o maior do mundo – que mantém o atendimento em 42.826 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) por todo o Brasil e 82,7% da cobertura populacional do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, o Samu. Via SUS são feitas anualmente cerca de 118 mil internações, aproximadamente 100 mil cirurgias, mais de 8 mil partos, 2,7 milhões de consultas, 9,6 milhões de exames ambulatoriais.   ‘Não é justo ter hospital privado com leito vazio e ter gente esperando a morte em casa’ Quando só o SUS salva A pergunta que não pode calar: se os planos privatistas dos últimos governos, desde 2016, tivessem acabado de vez com o SUS, o que teria acontecido nesses tempos de pandemia? Para o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, deputado federal (PT-SP), o Brasil caminha para ter o maior número de mortes no hemisfério sul. “O povo brasileiro sabe que quem pode reduzir esse sofrimento é um SUS mais forte. O governo federal chegou a colocar à disposição dos planos de saúde um fundo para situações críticas. Não quiseram, porque um dos critérios seria atender quem ficasse inadimplente”, disse, durante debate. O deputado relatou preocupação com a nomeação do novo ministro da área, Nelson Teich, que não mantém relação com o sistema de saúde público. “Infelizmente até agora sentimos que o ministro não sabe medir a pressão nesse momento muito grave. Torço para que isso mude. Se Boris Johnson (primeiro ministro britânico) mudou, se Trump mudou, torço para que essa crise seja um banho de defesa do SUS para a população brasileira e para o ministro”, destacou Padilha. “Há leitos privados ociosos”, revelou o ex-ministro da Saúde Humberto Costa. “A epidemia veio por intermédio dos ricos, mas agora atinge a população mais pobre. A maneira mais democrática seria criar uma fila única, como fazemos com a política de transplante. Quem tem mais necessidade ocupa o leito, seja público ou provado.