19/02/19
A proposta da Reforma da Previdência do governo de Bolsonaro feita por sua equipe econômica, que deve ser levada ao Congresso Nacional nesta quarta-feira (20), representa um ataque a classe trabalhadora, visto que dificulta o acesso e reduz o valor da aposentadoria. Além disso, a reforma não combate os verdadeiros privilégios.
Muito pior que a proposta apresentada pelo governo ilegítimo de Michel Temer, a proposta prevê a obrigatoriedade de idades mínimas para aposentadoria de 65 anos para os homens e 62 para as mulheres e uma regra de transição de apenas 12 anos, o que prejudica mais os trabalhadores e as trabalhadoras, em especial os que ganham menos, têm uma expectativa de vida mais baixa, entram no mercado de trabalho mais cedo e em profissões que exigem mais esforço físico.
Segundo a economista do Dieese, Patrícia Pelatieri, dos 30 milhões de benefícios pagos pelo Regime Geral da Previdência, só 10 mil estão acima do teto. “Os números deixam claro: não tem privilégio na aposentadoria dos trabalhadores”, explicou.
De acordo com a economista, privilégio têm os militares que ganham mais na reserva. Reserva é o termo jurídico usado para definir os militares inativos que recebem aposentadoria, mas ainda podem ser chamados em caso de guerra, por exemplo, mas como o Brasil não tem guerra, os mesmos ficam de pijama ou abrindo empresas de segurança.
O trabalhador comum perde no mínimo 30% da renda quando se aposentar. Já os militares recebem benefício integral, auxílios e, quando são reformados, considerada a aposentadoria de fato, recebem o abono inatividade, quase um salário por ano, como é o caso do FGTS.
De acordo com o presidente da CUT, Vagner de Freitas, para esse governo de extrema direita, política social é gasto, para nós, é investimento. “Essa é uma das diferenças entre o nosso jeito de pensar e governar e o deles”, ressaltou.
Governo faz campanha mentirosa para aprovar a reforma
Com o engodo de que a reforma vai igualar pobres a ricos, Jair Bolsonaro e sua equipe devem utilizar as famigeradas fakes news (notícias falsas) – mesmas técnicas usadas durante a campanha para a Presidência da República. Os métodos de propaganda mentirosa serão utilizados para que a população acredite que a reforma da Previdência é necessária e que sem ela o país vai quebrar.
Para defender essa proposta imoral, a campanha publicitária que está sendo preparada vai dizer que a reforma de Bolsonaro vai acabar com as desigualdades – uma mentira de acordo com especialistas e economistas - e que para isso é preciso cortar na carne. A peça publicitária vai focar no combate aos privilégios, outra mentira, já que só atinge o Regime Geral da Previdência Social (RGPS), onde não existem privilégios.
Jair Bolsonaro pretende assumir o posto de garoto propaganda da campanha publicitária da reforma, aproveitando a sua popularidade ainda em alta.
Para especialistas o que chama a atenção é Bolsonaro dizer que não gostaria de fazer a reforma da Previdência, mas que ela é necessária. Ao dizer isto, ele se coloca como humilde, popular, que dói nele essa situação, mas o país está quebrado e é preciso cortar privilégios.
Segundo o publicitário Renato Monteiro, especialista em marketing político, será utilizado o modelo das 10 Estratégias de Manipulação de Massas, de Noam Chomsky, onde diz que os governos e as elites, para manipular as massas, apresentam uma decisão impopular como dolorosa, mas necessária de aplicação futura.
Dia de luta contra a reforma da Previdência
Vai ter luta. É a resposta das centrais sindicais de todo o país. No mesmo dia da apresentação da proposta imoral ao Congresso, a CUT e demais centrais realizarão uma Assembleia Nacional da Classe Trabalhadora contra a reforma da Previdência, a partir das 10h, na Praça da Sé, em São Paulo.
Fonte: Contraf-CUT